Por uma educação outra em rede Neila Baldi style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> Em As Cidades Invisíveis, Ítalo Calvino diz que: "Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço". Como temos encarado a pandemia? Voltamos para nossas casas e levamos para lá muito do que estava fora: trabalho, estudos, diversão. Tudo na tela do computador ou do celular. Nos adaptamos. Mas, se o mundo parou, não devíamos também parar e rever nossos modos de agir? Nos últimos dias, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) discute seu Regime de Exercícios Domiciliares Especiais (REDE). Ao mesmo tempo, escolas públicas começam com o ensino remoto. Enquanto as particulares iniciaram quase junto com a pandemia. O SISTEMA PRODUTIVISTA Não quero discutir a falta de acesso às tecnologias digitais, nem as ferramentas usadas, muito menos os relatos de profissionais esgotados com o ensino remoto. Interessa-me refletir que levamos para dentro de nossas casas o sistema produtivista que permeia boa parte da educação brasileira. E assim, estamos online no horário da aula e nos enchemos - e a nossos(as) estudantes - de tarefas. E a vida cotidiana, como está? O que ficar em casa, sem sair, sem ver pessoas, nos provoca? A partir destas indagações, para mim, todas as redes tinham que pensar: o que faz sentido neste momento? Então, trago mais uma vez Calvino: "As cidades, como os sonhos, são construídas por desejos e medos". Quais são os nossos desejos ou medos, agora? Por que não usar esse tempo pra repensarmos nossas práticas? Por que continuar acreditando que o(a) aluno(a) só constrói conhecimentos em salas de aulas e reportar isso para o online? Por que não pensar que os(as) estudantes constroem conhecimentos também vendo uma live, participando de um debate, e que não necessariamente são conhecimentos curriculares? Por que não construir conhecimentos outros e valorizar conteúdos que não estão nos livros escolares? Afinal, o online nos permite conectar com pessoas distantes. Como professores(as) de uma mesma área podem propor ações e discussões interessantes? A saída, em algumas universidades, foi o semestre suplementar. Mas o mesmo pode ser pensado nas escolas. CRIAR PONTES Podemos aproveitar o momento para aprender a trabalhar no coletivo, a criar pontes, fazer uma educação outra em rede... Porque, como diz Calvino: "De uma cidade não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas. Ou as perguntas que nos colocamos para nos obrigar a responder". |
O fim das AngelsNoemy Bastos Aramburú style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> Certo dia, o Americano Roy Raymond resolveu comprar uma lingerie sensual para sua esposa. Ao entrar em uma loja, não achou o que procurava e, ainda, sentiu-se desconfortável por estar naquele local exclusivamente feminino. Foi então que teve a ideia de abrir uma loja que oferecesse "roupas de baixo" sensuais e que atendesse o público masculino. Pediu dinheiro emprestado ao banco e familiares para abrir uma loja que atendesse suas expectativas. Assim, inspirado na sensualidade da Inglesa Rainha Vitoria, criou a Victoria's Secret, um espaço decorado no estilo de bordel, com luzes baixas e sofás aveludados, para atrair o público masculino. O empreendimento deu certo, fez sucesso em pouco tempo e suas coleções foram vendidas por toda parte dos EUA, com lucro superior a US$ 4 milhões, o que chamou a atenção do empresário Leslie Wexner, o qual ofereceu o referido valor, comprando-a de seu fundador. Em dois anos, a empresa passou a valer US$ 500 milhões, o que causou arrependimento em Roy levando-o ao suicídio. A MARCA E A PANDEMIA As modelos desfilavam com asas nas costas, razão pela qual passaram a ser chamadas de angels. Apesar do status angelical, exalavam provocação e sensualidade nas passarelas. Dentre as angels, a marca contratou a famosa Naomi Campbell e as brasileiras Gisele Bündchen e Alessandra Ambrosio. Como todo empreendimento, a Victoria's Secret teve seus momentos de crise, primeiro, quando enfrentou o problema das críticas em relação à falta de inclusão e diversidade entre as modelos, que precisavam ter, no mínimo 1m75cm de altura e, no máximo, 18% de gordura corporal, e, posteriormente, quando cancelou, em 2018, o Victoria's Secret Fashion Show. Porém, a marca conseguiu superar esses obstáculos até enfrentar a pandemia causada pela Covid-19. A MP 927 No Brasil, o Presidente Bolsonaro, preocupado com este tipo de problema, usou o recurso que lhe permite a Constituição Federal, criando a MP 927, para urgentemente ajudar os empresários. Porém, para que uma MP provisória mantenha sua eficácia, deve ser convertida em lei pelo Congresso Nacional no prazo de 120 dias, o que não aconteceu. Consequentemente, os empresários não poderão mais usufruir dos benefícios advindos da MP 927. Sintetizando, as principais mudanças: o teletrabalho depende da concordância do empregado; o acordo individual não prepondera mais sobre o coletivo; as férias individuais e coletivas não são mais comunicadas em 48 horas; o banco de horas não pode mais ser compensado em 18 meses. Com a perda da eficácia nesta semana, a classe empresarial passa a sofrer ainda mais os efeitos da pandemia, o que gera grande preocupação com a possibilidade de mais falências. Vamos aguardar as novas decisões da Presidência para ajudar a tão sofrida relação empregado e empregador. |